22 de outubro de 2021

A fome do brasileiro

Por Admin

A fome do brasileiro

Imagens de pessoas disputando carcaças de animais, legumes apodrecidos e outras sobras de alimentos nos expurgos de mercados, estão cada vez mais presentes nos noticiários brasileiros.

Ainda que me choque ver a triste cena, sei que isso não é inédito no nosso país. Todavia, o que assusta é que o número por este tipo de procura esteja cada vez maior e mais próximo do que imaginamos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um levantamento realizado entre 2017 e 2018, apontou que 36,7% da população se encontrava em insegurança alimentar. Os pesquisadores atribuem três níveis de insegurança como: 1º – queda de qualidade nos produtos comprados; 2º – queda na quantidade do consumo entre os adultos, e por último: quando a redução alimentar também atinge as crianças da casa.

Tal privação na mesa do brasileiro não deveria estar acontecendo, uma vez que o setor do agronegócio foi o único a crescer em meio a pandemia. A área também teve aumento recorde de 24,31% de aumento no Produto Interno Bruto do setor.

Continuamos produzindo alimento, porém o foco não está na mesa e sim na utilização como matéria-prima: os chamados commodities. Isso explica a alta nos preços finais oferecidos ao consumidor. Em um ano, o quilo do arroz subiu quase 70%; o feijão preto, 51%; a batata, 47%; a carne, quase 30%; leite, 20%; e no óleo de soja alta de 87%.

Já diziam os antigos “cara feia pra mim é fome” e por essa razão se continuarmos nesse ritmo ainda veremos muitos noticiários não só de procura pelos restos, mas sobre furtos, violência e insatisfação do brasileiro e amargura. Que tenhamos políticas públicas voltadas para resolver esses problemas com urgência, afinal quem tem fome, tem pressa!

José Odécio Camargo Júnior é advogado empresarial